Quando se fala no trabalho em cartório com seus desafios diários de atendimento ao cliente, prazos e necessidade de atualização de conhecimento constantes, a síndrome do superfuncionário aparece como uma realidade para muitos de nós que, sem perceber, nos colocamos numa situação de pressão estrema, autoexigência e exigência com os colegas assumindo a superação desafios como um estilo de vida.
A todo momento o mercado de trabalho e as redes sociais nos instigam a acreditar que precisamos ser bons em tudo, sempre prontos para enfrentar qualquer desafio, sem espaço para falhas ou momentos de fraqueza. A “Síndrome do Superfuncionário” é um termo informal usado para descrever um padrão de comportamento em que uma pessoa sente uma necessidade constante de ser um super-herói no trabalho, assumindo responsabilidades que vão além de suas capacidades e limites, muitas vezes em detrimento de sua própria saúde física e mental. Esse super funcionário pode ter muitos motivos para assumir esse papel, como ter assumido um cargo que traz consigo muitas expectativas e ter medo de falhar ou vergonha de pedir ajuda, sentir necessidade se ser aprovado e elogiado o tempo todo e até mesmo carregar uma autoexigência que extrapola os limites do autocuidado que pode vir de uma cultura familiar.
É importante reconhecer esses traços em nossos comportamentos, assim como reconhecer quando um funcionário na equipe está vivendo esse padrão se você é líder, pois a ilusão de que precisamos estar no nosso melhor 24 horas por dia, 7 dias por semana, pode ser avassaladora e consumir energia vital, desencadeando uma série de problemas comportamentais, culminando em erros e problemas de saúde.
A autocobrança por um desempenho exemplar em todas as áreas da nossa vida, seja no trabalho, nas relações pessoais ou nos nossos projetos individuais e a busca incessante pelo perfeccionismo tem colocado as pessoas sob pressão extrema, levando os funcionários e os líderes a acreditarem que qualquer deslize é inaceitável.
Precisamos relembrar que é humano não estar sempre bem. Precisamos relembrar que é normal nos sentirmos cansados, inseguros e até mesmo vulneráveis em certos momentos. Precisamos relembrar que nenhum profissional vem pronto e que precisamos ter paciência, tempo e dedicação para capacitá-los para que eles se sintam preparados para ocupar seus cargos com plenitude.
É aí que um ambiente humanizado, com líderes atentos e libertos da síndrome de superfuncionários ou supercartório podem contribuir para que ninguém na equipe se permita passar dos limites e entrar em sofrimento. No início, o funcionário pode se destacar como uma máquina em relação aos outros, mas cabe ao líder observar até que ponto esse destaque é um comportamento excessivo pela busca de elogios ou um traço exagerado de competitividade, mas que na verdade, por dentro, o funcionário está em profundo sofrimento pela sua autocobrança. Nessa hora cabe ao líder intervir e propor outra forma da equipe compreender o trabalho.
Aceitar e compreender que todos podemos errar, trabalhar para estabelecer um ambiente criativo e seguro, onde reconhecemos que todos somos cíclicos e naturais e não robôs, é o primeiro passo para lidar com o que chamam de síndrome do superfuncionário no trabalho, mas abaixo elencamos algumas características da pessoa com Síndrome do superfuncionário para que você possa se autoavaliar:
- Perfeccionismo Excessivo: Sentir a necessidade de tudo de maneira perfeita e não aceitar erros ou limitações.
- Dificuldade em Dizer Não: Ter dificuldade em recusar pedidos ou compromissos, mesmo quando já estão sobrecarregados.
- Autoexigência Extrema: estabelecer padrões muito altos para si mesmo, muitas vezes além do razoável.
- Dificuldade em Delegar: Sentir que precisa fazer tudo sozinho, muitas vezes por falta de confiança na capacidade dos outros.
- Negligência com o Bem-Estar Pessoal: Ignorar sinais de estresse, exaustão ou doença para continuar ajudando os outros.
- Busca Constante por Validade e Reconhecimento: Buscar constantemente validação e reconhecimento externo para se sentir bem consigo mesmo.
- Medo do Fracasso: Ter um medo intenso de falhar e, por isso, evitar assumir desafios que possam resultar em insucesso.
- Priorização dos Outros em Detrimento de Si Mesmo: Colocar as necessidades dos outros sempre à frente das próprias.
Sinto muito em dizer que, ao contrário do que os quadrinhos e filmes nos mostram, não existem super-heróis e pessoas com superpoderes na vida profissional. Então, se você não ficar atento, essa síndrome pode te levar a um esgotamento físico e emocional, desencadeando ansiedade, depressão e outros problemas de saúde mental e nos relacionamentos.
É importante identificar esses padrões de comportamento no seu dia a dia para buscar equilíbrio, aprendendo a definir limites e a cuidar de si mesmo. Você pode estar triste simplesmente porque está subjugando sua necessidade de descansar e essa falta de olhar para si mesmo pode estar comprometendo a sua felicidade no trabalho e na família, pois se não for súper, não é bom o suficiente. Será mesmo?
Mas como contornar essa situação?
- Aceitando seus limites e reconhecendo que ninguém é perfeito. Isso é fundamental para lidar com a pressão constante de ser um super-herói em todas as áreas da vida.
- Entenda que você não está sozinho nessa jornada.
- Compreenda que você não precisa corresponder a todas as expectativas das pessoas. Avalie bem o que você é bom e se comprometa com isso até o limite do seu bem-estar.
- Esteja disposto a falar sobre suas dificuldades e fraquezas com pessoas de confiança, sejam amigos, familiares ou profissionais capacitados.
- E claro, para isso é importante compreender que buscar ajuda não é um sinal de fraqueza, mas sim de coragem e autoconhecimento, um ato de cuidado consigo mesmo, e não uma falha. Essa ajuda pode partir de uma conversa com o seu líder e do autoconhecimento como cursos e apoio psicológico.
- Redefina seus padrões de sucesso. Em meio a um mundo que muitas vezes prioriza o desempenho e a produtividade em detrimento da saúde mental, a sociedade impõe uma série de padrões sobre sucesso, competência e realização pessoal, mas não podemos nos contentar com isso e devemos definir nossos próprios parâmetros. O verdadeiro sucesso não deve ser medido apenas por conquistas materiais ou reconhecimento externo, mas sim pelo equilíbrio entre a sua saúde, satisfação pessoal e profissional.
E se você é líder, fique atento!
Você pode estar sobrecarregando o seu melhor funcionário ou se sobrecarregando toda a sua equipe com a sua exigência de super-herói. Aquela pessoa que parece fazer tudo, sempre com excelência, na verdade pode estar se esgotando aos poucos e se permitindo pensar em outros empregos para colocar fim no seu sofrimento.
A cultura de alta performance pode parecer positiva e gerar resultados a curto prazo, mas se virar uma cultura pode se tornar algo perigoso, pois o excesso de pressão por resultado, uma rotina de horas extras contínua, associada ao nível de exigência desmedido pode levar o funcionário a seguinte reflexão: meu salário não paga por isso! Então qual é o real impacto que isso traz para o cartório? Um time desmotivado, esgotado e muitas vezes à beira de um colapso. Um cartório onde a produtividade despenca, o índice de erros aumenta e os clientes percebem que o clima está pesado.
Mas como evitar a síndrome do superfuncionário no Cartório?
- Estabeleçam pausas e descansos adequados
- Promova o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal
- Crie um ambiente humanizado onde erros podem ser tratados como oportunidades de melhoria
- Faça a gestão das funções e distribua de forma equilibrada as tarefas
- Reconheça o esforço sem sobrecarregar a equipe
- Ressalte que a saúde e felicidade da equipe são pilares da sua gestão
Por fim, se o superfuncionário for você, assista nossa aula no Youtube sobre como falar com o seu chefe que você está sobrecarregado e não deixe de assinar a Cartórioflix para que você possa se capacitar continuamente, mas sem excessos!