Se você já se pegou pensado: já não fazem mais funcionários como antigamente… saiba que você não está sozinho. Nos últimos anos este pensamento pode ter ficado cada vez mais real e tem se confirmado a cada cena que você vê, como funcionários faltando ao trabalho por qualquer motivo, falta de compromisso com prazos, horários e valores essenciais no atendimento sendo totalmente desconsiderados; pessoas tão desmotivadas que parece que não tem nenhuma reação ou medo de perder o emprego.
“Para eles tanto faz!” Essa é a principal dor dos líderes de cartório. Aí eles complementam: “No meu tempo, eu vinha trabalhar com dor de cabeça, podia estar morrendo, mas não considerava me atrasar no trabalho”. Muito bem-dito: no seu tempo! Eram outros tempos, outra cabeça, outra forma de ver o mundo que não necessariamente estava certa, pois pagamos um preço alto no nosso corpo emocional por tanto estresse também.
Estamos em um novo tempo e você, líder, precisa soltar as comparações do passado e se entregar para aprender com este novo jeito de trabalhar, sem julgar ou depreciar a nova geração. São só visões diferentes e que até que se alinhem e compreendam uns aos outros, enfrentarão contrastes.
Se você é líder, saiba que não são só os seus funcionários que são descomprometidos. A humanidade está nesta transição. Portanto, não é culpa sua, mas você pode e deve criar uma estratégia para se desenvolver e para engajar a sua equipe nesse algo novo. Nesse sentido, pare de pensar que a única solução é dar um aumento de salário; isso pode ajudar, mas não resolve. Isso porque muito mais do que dinheiro, esta geração quer significado. Você precisa compreender esta nova forma de relação com o trabalho e também ter um olhar menos julgador sobre a sua equipe. Eles não são descomprometidos, só não colocam o trabalho à frente de tudo como se fazia antigamente. Eles estão sendo criados em um contexto onde ter carro já não é mais tão importante, eles podem andar de Uber e ter o mesmo resultado. Você entende? Isso acontece também em relação ao trabalho. Eles podem trocar de trabalho facilmente, pois não estão preocupados em fazer carreira. Isso quer dizer que o salário, o status, a carreira promissora não faz tanta diferença como fazia para as outras gerações e você pode estar tentando se conectar com eles com as mesmas coisas que faziam sentido para você. Para eles o que faz diferença mesmo são os ganhos por trás desse trabalho, o propósito, o significado, o ambiente agradável onde eles vão passar a maior parte do dia, criar vínculos. Para criar estes vínculos você precisa ter consciência de que nos últimos anos as pessoas estão acumulando tantos medos e estresse como nunca a humanidade viveu. Você também está neste limite de estresse, sobrecarga e medos.
Precisamos olhar para as nossas equipes e compreender que é como se todos estivessem inflamados. Você também está inflamado. Tudo está mais dolorido e sensível, ou seja, um alfinete que cai no chão durante o trabalho pode ser a gota d’água de um monte de emoções acumuladas: medo, estresse, angústia, tristeza, depressão e reclamações. Como líder, você pode olhar para uma crise do seu funcionário e pensar: nossa! Que estresse é esse? Pra quê tanto exagero?! Que infantis! No meu tempo eu jamais teria uma crise de choro por isso. Mas e sobre você? Como está o seu limite de paciência? Como está o seu jeito de lidar com as dificuldades no cartório? Não pode estar também inflamado e precisando de uma cura? O que precisamos saber é que a crise que você vê pode ser a ponta do iceberg de alguém que está sob forte estresse acumulado e em sofrimento constante. E se você, líder, está em busca de um ambiente saudável e harmônico deve focar neste acolhimento, ao invés do julgamento. Estamos em novos tempos onde as pessoas se conectam por emoções e não por recompensas. Seus funcionários são pessoas maravilhosas que, se conectados com um propósito maior, serão muito mais criativos e produtivos do que a sua equipe do passado. Acontece que todos estão querendo sentir alívio e vocês podem estar num cabo de guerra. A boa notícia é que você é o líder, por isso pode e deve mudar o jogo. Todos precisam se sentir bem. Todos precisam de mais palavras positivas do que críticas e comparações. Isso vale muito mais do que salário e benefícios. Então, se você quer que a sua equipe seja mais comprometida, estabeleça uma relação mais íntima com eles. Intimidade de conversar mais vezes por dia, de ouvir, de voltar para dentro, de começar a se conhecer e se conectar. Aproxime-se, fale dos seus porquês, fale do que você sente, demonstre que você está buscando compreendê-los. Reconheça que você precisa aprender a liderar nesta nova era e convide a sua equipe a contribuir, com maturidade. Crie um ambiente acolhedor e positivo, onde as pessoas se conectam com algo bom. Temos que ter a consciência de que que não trabalharemos sem problemas no cartório – isso é ilusão, mas podemos sim, trabalhar sem tanto sofrimento e inflamações, podemos trabalhar e servir em um ambiente harmônico e cheio de significado.
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